sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Amores da Curia # receita para um fim-de-semana doce e apaixonado #

Amores da Curia by Chef Valdemar Onofre

 E as minhas andanças pela Bairrada terminaram, obviamente, sentada à mesa a degustar um delicado e quase esquecido pastel com raízes na região. Foi o Chef Valdemar que me falou destes pastéis, "marca de um tempo onde o romantismo e a belle époque caracterizavam as vivências sociais e a arquitetura da Curia, os Amores da Curia são pastéis de massa folhada finíssima recheados com ovos moles e polvilhados com açúcar pilé. Tem origem na criatividade de uma alemã, Emilia Wissmann, que procurou desenvolver um doce sofisticado para contentamento dos clientes que pernoitavam no Palace  da Curia, no Grande Hotel da Curia e Palace Hotel do Buçaco, tal como para os visitantes do Parque e das Termas da Curia. Os pastéis faziam as delicias dos casais de namorados, que na época, durante os passeios românticos os consumiam ao lanche." E assim se batizaram os pastelinhos de Amores da Curia.
Não sabemos dizer-lhe onde pode comprar os pastelinhos, que eram originalmente quadrados, mas para não se ficar pela água na boca, partilhamos consigo a receita.

 Amores da Curia, como fazer  

Levam-se ao lume 2 dl de água com 500 gramas de açúcar. um pau de canela e umas gotinhas de essência de baunilha. Deixa-se ferver durante 4 a 5 minutos. Retira-se do lume e deixa-se arrefecer. Depois, com a ajuda de uma vara, juntam-se 8 gemas, previamente mexidas. E leva-se novamente ao lume para engrossar.
Estende-se 1 kg de massa folhada, e com a ajuda de um corta-massas, cortam-se corações com meio centímetro de espessura. Coloca-se a massa num tabuleiro, polvilhado com farinha, e leva-se ao forno, pré-aquecido a 180 graus, durante 20 minutos.
Já frios, abrem-se, recheiam-se com os ovos moles, preparados anteriormente, e polvilham-se com açúcar em pó [pincele os pastéis com clara de ovo para melhorar a aderência do açúcar].



  Um doce e apaixonado fim-de-semana, para si.








quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Curia # boa cama boa mesa #

Parque do Hotel das Termas da Curia, Rota da Bairrada.

O acesso à aldeia faz-se através de uma via de traçado românico, calcetada e emoldurada por duas fileiras de árvores de grande porte. Os romanos batizaram-na de Aqua Curiva, conhecidas eram já as propriedades terapêuticas das suas águas de natureza sulfatada cálcica e magnesiana. 
A estância termal da Cúria é uma das mais antigas do país. A aldeia parece parada no tempo; consideração que a visão da antiga estação de comboios vem confirmar. Os comboios que ainda ali param são poucos e os passageiros ainda menos. Aproxima-se uma senhora de ar distinto. Chique a valer, diria o Ega. É francesa, confirmo-o no sotaque. Acabou de chegar. Nem de propósito! A Cúria parece-me cada vez mais saída de um filme de época.



No belíssimo átrio da estação, revestido com azulejaria portuguesa, obra de Jorge Barradas, onde estão representadas cenas típicas da região, funciona atualmente o Espaço Bairrada, sede da Rota da Bairrada. Há uma exposição permanente de produtos regionais, da doçaria aos espumantes, aos vinhos e ao artesanato; e é a partir dali que os turistas são muitas vezes encaminhados para os restaurantes e para as adegas. Que a Curia, no concelho da Anadia, fica pertinho da Mealhada, capital do Leitão à Bairrada. E, que pouco mais há por ali além de bons hotéis, dedicados ao termalismo, e de bons restaurantes.

Estação de comboios da Curia.

Espaço Bairrada.

A Curia é o destino perfeito para quem procura alguns dias de descanso e tranquilidade acompanhados de uma mesa farta. Mas, voltemos à estação de comboios e ao ambiente que a envolve, nesta tarde de Outono. Dizia eu que parece saída de um filme de época, a aldeia, opinião que a arquitectura dos hotéis, ao estilo Arte Nova, que envolvem a praça central vem corroborar.

Curia Palace Hotel.

Hotel das Termas

As portas do Parque da Cúria, onde está inserido o Hotel das Termas, estão abertas tanto aos hóspedes como aos turistas que podem usufruir dos espaços ajardinados, do bosque e do campo de golf. Ali ao lado o Curia Palace Hotel tem um ar bastante mais privativo, só os hóspedes podem circular pelos jardins do hotel. Tanto um como outro são hotéis dedicados à saúde, ao termalismo, e ao relaxamento, e o ambiente que os envolve não poderia ser mais propício.
Há quem, como eu, se dedique à leitura. Outros preferem passear, ou tomar uma bebida quente, na casa de chá. Há quem namorisque. E há os que simplesmente não fazem nada, vieram para descansar. A água dos lagos parece adormecida, ao contrário do que acontece nos dias de Verão, em que é possível andar de barco. Aliás toda a natureza parece comungar da dormência usual dos dias de Outono.












quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Buçaco # há quem lhe chame altar natural #

Palácio do Buçaco [hotel], Rota da Bairrada.

Recordo-me do dia em que fui ao Bussaco, como se de ontem se tratasse. Estava frio e o sol tinha dificuldade em penetrar a flora centenária da mata. Estávamos em Novembro. No Luso, a vila que se estende aos pés da Serra, conhecida pelas propriedades terapêuticas da sua água, o movimento era pouco; havia meia dúzia de aldeãos junto à Fonte de São João, abastecendo as bilhas de água. A vila é pequena, mas dada a fama da estância termal abundam os hotéis e os restaurantes típicos. O Grande Hotel do Luso, encontra-se a escassos metros da porta, que pela vila, dá acesso à Mata Nacional do Buçaco, e é uma ótima alternativa ao Palace Hotel do Buçaco.
Da porta?, perguntar-se-à. Sim, da porta! A mata é muralhada e conta com onze portas de entrada, obra dos monges que ali habitaram e que transformaram aqueles 105 hectares de terreno numa floresta com cerca de 700 espécies vegetais. A vegetação frondosa ladeia o caminho estreito e curvilíneo que separa a porta da praça central da Mata, onde se encontra o Palace Hotel do Buçaco, mandado construir pelos últimos Reis de Portugal, no lugar do antigo Convento de Santa Cruz, do qual ainda restam os claustros e algumas celas dos monges.
Os jardins estavam desertos. E o Palácio parecia adormecido. Aliás, a natureza parecia adormecida, à excepção do fio de água que descia, tranquilamente, os 140 degraus que terminam na Fonte Fria. As fontes e os lagos, as capelas e as ermidas, os miradouros e a vegetação luxuriante, que conta com cerca de 300 espécies exóticas, encontram-se um pouco por toda a mata.
A Mata Nacional do Buçaco dizem-na única no mundo, pelo notável conjunto histórico, arquitectónico, religioso, botânico, paisagístico, militar e cultural que se encontram dentro de portas. Que estas terras foram palco da Batalha do Buçaco. Que no Convento de Santa Cruz dormiu o general Wellington. Que nestas terras habitaram monges. Que construíram edifícios e desenharam socalcos, inspirados na distante Jerusalém. Que recriaram a Via-Sacra. E que são os responsáveis por todo este verde intenso e inebriante, que não cabe nos olhos e se estende à alma.

Fonte Fria, Mata Nacional do Bussaco.

Compreendi, naquele dia, a escolha dos monges da Ordem dos Carmelitas Descalços, que ali se instalaram na primeira metade do século XVII. Que plantaram e muraram a floresta, que conta com onze portas de entrada. E compreendi, também José Saramago -" A Mata do Bussaco não se descreve o melhor é perder-nos nela."

Vale dos Fetos, Mata Nacional do Buçaço



Mata 

Portas de Coimbra.

Capela.

Ermida.

Grande Lago, Mata Nacional do Buçaco

http://www.fmb.pt/v2/pt/                              











terça-feira, 24 de novembro de 2015

De Santa Catarina à Muralha # o meu Porto é lindo #

Rua de Santa Catarina, Porto

Santa Catarina é a rua mais comercial do Porto e uma das mais movimentadas. A aproximação do Natal complica ainda mais as coisas. Já há gente à procura de presentes, talvez tenham razão, daqui a mais uma ou duas semanas será quase impossível circular ou comprar alguma coisa sem esbarrar em alguém. Mas, eu prefiro esperar pela abertura oficial da época natalícia na cidade, agendada para a próxima sexta.
Entre as lojas, as dezenas de lojas de grandes marcas, o comércio tradicional, os vendedores e os artistas de rua, há duas casas que merecem uma visita mais demorada, o Majestic, considerado um dos mais belos cafés da nação, e a Fnac, para quem, como eu, gosta de livros.
Do conjunto arquitetónico destaca-se a Capela das Almas, construção que data do século XVIII, famosa pelo seu revestimento exterior de azulejos de Eduardo Leite, executados em 1929 pela Fábrica de Cerâmica Viúva de Lamego. Na azulejaria estão representadas cenas da vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina, virgem egípcia de sangue real martirizada no Monte Sina.

Capela das Almas, Rua de Santa Catarina.

No sentido oposto à Capela das Almas, a rua conduz à Praça da Batalha e à Igreja de Santo Idelfonso, que também data do século XVIII e que também está revestida por azulejos, neste caso de Jorge Colaço. Os azulejos retratam cenas da vida de Santo Idelfonso e a Eucaristia. Além da igreja, fica na Praça, um dos mais recentes hotéis da cidade, o Moov Hotel Porto, instalado num edifício centenário, ao estilo Art Déco. Alguns metros adiante cruzei-me com o histórico Teatro de São João.  Que, nos dias em que as compras não fazem parte dos meus planos, este é o meu passeio preferido.
Porquê? Ora Porquê! Descendo da Praça da Batalha à Muralha Fernandina, cintura medieval da cidade, que tantas vezes passa despercebida, vê-se o rio. E eu não me canso de ver o rio!

Igreja de Santo Idelfonso, Praça da Batalha.



Muralha Fernandina ao lado do tabuleiro superior da ponte D. Luís I

Vista a partir de Muralha


sábado, 21 de novembro de 2015

Barrigas de Freira # o meu doce conventual preferido #


Já não é novidade, nestes dias mais escuros gosto de ir para a cozinha. Lembraram-me as Barrigas de Freira, a propósito da XVII Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais, que decorre este fim-de-semana no Mosteiro de Alcobaça. A receita, à base de ovos, açúcar e amêndoa, saiu do Convento de Nossa Senhora do Carmo, tal como a receita dos Pasteis e das Queijadas de Tentúgal. E, era para mim um segredo, até hoje.

Barrigas de Freira, a receita
para a massa
500gr farinha, 250gr manteiga, 40gr de açúcar
2 ovos, raspa de limão [q.b]
para o recheio
9 ovos + 9 gemas
700gr de açúcar, 150gr amêndoa torrada
2,5 dl de água
baunilha [q.b], pau de canela

Confeção
Comece pela massa. Derreta a manteiga, adiciona-lhe os restantes ingredientes e amasse. Deixe repousar, enquanto prepara o recheio. Leve a água ao lume com o o açúcar, a baunilha e o pau de canela até obter o ponto pérola [nesse momento desligue o lume]. Mexa os ovos com a ajuda de umas varas e junte-os à calda de açúcar, cuidadosamente para os ovos não cozerem. Junte-os em fio, muito lentamente, e mexa com as varas à medida que vai fazendo a mistura. Adicione a amêndoa, previamente torrada. Ligue o lume e deixe engrossar.
Estenda a massa. Recheie. Feche. E corte em meias luas. Pincele com ovo batido e polvilhe com amêndoa. Leve ao forno durante 10 minutos, a 180 graus.

                                 





quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Quinta das Lágrimas # a quinta dos amores #


Fonte dos Amores.

As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que, inda, dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
Vede que fresca fonte rega as flores,
Que lágrimas são a água e o nome Amores.
Luís Vaz de Camões, in Lusíadas.


Cano dos Amores

"Estavas, linda Inês, posta em sossego",
Tanto há de belo, como de puro e de trágico no lugar e na lenda que o habita. Está gravada, a sangue, a história de Pedro e Inês, na Fonte dos Amores, na Quinta das Lágrimas. Reza a lenda, que as águas da fonte são as lágrimas choradas pela linda Inês, antes de morrer. E, que o vermelho vivo, que reveste a rocha, é o seu sangue.
A aia galega, por quem o príncipe se perdeu de amores, habitava o Paço do Convento de Santa Clara-a-Velha, e dizem que recebia cartas de seu amado através de um pequeno canal de água, que saindo da quinta desaguava ao lado do convento. Foi-lhe roubada a vida, na ausência de D. Pedro, por três algozes ao serviço do rei. E foi coroada rainha depois de morta.
A Quinta das Lágrimas fica na margem esquerda do rio Mondego, em Coimbra. O palácio do século XVIII, que acolheu figuras como o Duque de Wellington e o rei D. Miguel, foi transformado num Small Luxury Hotels of the World. Mas, mais do que o luxo, mais do que a cozinha requintada e mais do que a história, é o romantismo do palácio e do jardim, apelidado de Jardim Romântico, que transforma a quinta num dos lugares mais bonitos da cidade e no refúgio perfeito para casais apaixonados; tal como o foi, outrora, para Pedro e Inês.

 Anfiteatro da  Colina de Camões

Portal neo-gótico.






COMER, AMAR E PASSEAR

hotel recria e oferece três ambientes diferentes, os quartos dividem-se entre o palácio, os jardins e o SPA. Os quartos do palácio reúnem o charme e o romantismo do passado, os do jardins abrem-se para a frescura do "Museu Vegetal" e para a Fonte dos Amores. Os quartos do SPA, modernos e relaxantes abrem-se tanto para os jardins como para a cidade, oferecendo vistas magníficas.
A cozinha, que se divide pelos restaurantes Arcadas e Pedro e Inês, recria os sabores típicos da região, acrescentando-lhe um toque de elegância. O Chef sugere que os acompanhe com um dos vinhos da vasta coleção da Quinta das Lágrimas; o destaque vai para o Pedro & Inês, proveniente da união de uma casta masculina com uma casta feminina.
Nos jardins há jogos de luz e sombra, proporcionados pela diversidade paisagística. As árvores centenárias convivem com exuberantes plantações de bambu, criando uma atmosfera sombria, rasgada pela luz solar que banha o relvado, iluminando o caminho até à Fonte dos Amores. Há recantos bucólicos. E mensagens de amor gravadas nas rochas e nos troncos, um pouco por todo o lado.
                                         Bem-vindos à Quinta dos Amores!




Os jardins estão abertos a visitas. [ não está implicada a estadia no hotel]





terça-feira, 17 de novembro de 2015

Quinta da Conceição

 Foi transformada num parque de lazer, a quinta onde, no século XV, existiu o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São Francisco. O portal, ao estilo manuelino, o claustro, a capela e os chafarizes são os últimos vestígios da presença dos Ordem Franciscana.

Claustros do Convento de Nossa Senhora da Conceição




Capela de Nossa Senhora da Conceição


Fica em Leça da Palmeira. E é no Verão que ganha mais vida com a abertura da piscina.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

No Porto # da Ribeira aos Aliados #


Avenida dos Aliados

Saí da Ribeira, depois do almoço, na companhia de um magnífico Sol de Inverno que banhava o rio, as casas, as ruas e os rostos. Subi uma das ruelas que conduzem à Praça do Infante D. Henrique, o homem que deu a conhecer novos mundos ao mundo. O comandante da armada que partiu à conquista de Ceuta. O comandante da grande epopeia lusitana, os descobrimentos. Por tais feitos lhe prestou a cidade homenagem. E construída foi a praça. E uma grande estátua, no centro da praça.

Ribeira & Muro dos Bacalhoeiros

Praça do Infante D. Henrique & Mercado Ferreira Borges [ edifício vermelho em ferro]

Palácio da Bolsa

Na Praça, emoldurando-a, o Mercado Ferreira Borges e Palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto. O edifício, ao estilo neoclássico, remonta a 1842, as atenções rouba-as o salão árabe. Havemos de o visitar, outro dia. Que, os dias são, agora, bem mais curtos e daqui ao coração da baixa ainda há muito que ver; a começar pela Rua das Flores, uma das mais movimentadas da cidade, onde se multiplicam as boas casas de petiscos e de chocolates.
Contento-me com o passeio, esta tarde. Contento-me em olhar as montras, vestidas com as cores da estação. A rua leva-me ao largo da Estação de São Bento donde se avista a Sé Catedral do Porto.
Cheguei ao coração da cidade! Estou a escassos metros da histórica Avenida dos Aliados e da rua mais comercial do Porto, Santa Catarina. A Avenida é feita de História. Não há edifício que não a tenha para contar, a começar pelo Palácio das Cardosas, recuperado e transformado num luxuoso hotel. No rés-do-chão do hotel existem algumas lojas dedicadas ao comércio de luxo e um restaurante, elegante. Nas traseiras uma praça, a Praça das Cardosas, onde se realiza, ocasionalmente, um Urban Market. E onde se vendem uns patês deliciosos, os Bernardo's.

Avenida dos Aliados

Urban Market, Praça das Cardosas.

"Todos os caminhos vão dar a Roma", parece-me que o provérbio assenta bem à Avenida dos Aliados. Que é aqui que se chega. E, daqui que se parte; são muitas as ruelas que sobem e descem a partir da Avenida, como é o caso da Rua Passos Manuel, onde encontramos a AmoreFrato e a Leitaria da Baixa, duas lojas muito doces.