terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Chegou o mês mais bonito do ano


ameninacosze.wordpress.com [ Fotografia Joana Isabel]

Chegou o mês mais bonito do ano, Dezembro. Acordou gelado mas cheio de luz, coisa tão própria destes dias que antecedem a celebração do nascimento do menino Jesus. Já começou a loucura das compras, como se isso realmente interessasse, numa época que se quer de feita de paz, de união e de amor.
É tempo de ir ao encontro dos que nos moram coração e que tantas vezes estão longe. Por aqui não se fazem grandes viagens, temos o privilégio de os ter por perto. De vestir a árvore e a casa com o vermelho. Que é amor. E com o dourado. Que é luz. Cores próprias do Natal, desde que me lembro de o celebrar, na casa dos meus avós, há muitos, muitos anos.

http://homellivingfor.blogspot.pt/

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Desse tempo, resta também um poema, declamado vezes sem conta pelo meu avô para mim. Que, todos os anos, às primeiras horas do mês de Dezembro me vem à memória. Chama-se Balada da neve.

Soldéu, Andorra [Fotografias Adriana Sales]


"Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim. É talvez a ventania, mas há pouco, há poucochinho nem uma agulha bulia na quieta melancolia, dos pinheiros do caminho. 
Quem bate, assim levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza. Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu, branca e leve, branca e fria. Há quanto tempo não a via! E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente, e quando passa, os passos imprime na traça na brancura do caminho. Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto, por entre os mais, os traços miniaturais duns pezitos de criança. E descalcinhos, doridos, a neve deixa ainda vê-los, primeiro bem definidos, depois, em sulcos compridos, por que não podia erguê-los !
Quem já é pecador sofra tormentos, enfim! Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor? Porque padecem assim? E uma infinita tristeza, uma funda turbação entra em mim, fica em mim presa. Cai neve na natureza. E cai no meu coração." [Augsuto Gil]










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